CONVERSÃO
DE SÃO PAULO
Grande é o
Senhor. Ele dirige os corações, como torrentes d’água. Se quer que pobres
pastores sejam os primeiros a prestar homenagens ao Menino Deus, convida-os
por vozes angélicas; se quer que reis de
terras longínquas venham adorar o Menino em Belém, chama-os e guia-os por uma
estrela maravilhosa; quando precisa de operários para a vinha, diz aos pobres
pescadores do lago Tiberíades: “Segui-me”; se quer dar um grande Apóstolo aos
gentios, despedaça o coração irrequieto do jovem Saulo e transforma-o em
coração dedicado discípulo de Cristo, a ponto de faze-lo exclamar: “Vivo,
porém, não eu, mas Cristo vive em mim !”
Saulo,
natural de Tarso, na Cilícia, filho da tribo de Benjamim e ao mesmo tempo
cidadão romano, possuía talentos
extraordinários, bons e nobres sentimentos, aliados a uma força de vontade
inquebrantável. No tempo em que Jesus Cristo pregava o Evangelho na Palestina,
Saulo, assentado aos pés do célebre Gamaliel, estudava as ciências dos Santos
Livros. Os belos talentos que possuía, sua aplicação e sobretudo seu zelo
ardente pela lei de Moisés e as
tradições do povo, chamaram a atenção dos fariseus.
O crescimento rápido da Igreja
de Jesus de Nazaré, o aumento espantoso do número dos discípulos de Cristo
crucificado fizeram com que no coração de Saulo se incendiasse um ódio mortal
aos cristãos, por ele considerados traidores da causa pátria. Qual lobo voraz,
tinha sede do sangue dos mesmos, e quando o primeiro mártir Santo Estevão
morreu, vítima do ódio dos fariseus, os algozes depositaram as vestes aos pés
de Saulo. Mas o jovem diácono vingou-se do jovem fariseu, alcançando-lhe a
conversão, pelas suas orações.
Apenas dois
anos depois da morte de Jesus, incitado constantemente pelo ódio dos fariseus,
Saulo foi ao Sumo Sacerdote, e pediu-lhe cartas para a sinagoga de Damasco, com
poderes para trazer presos para Jerusalém todos os partidários de Jesus, homens
e mulheres. Em caminho, já perto daquela
cidade, de repente lhe reluziu em torno uma luz, vinda do céu. Caiu por terra e
ouviu uma voz, que lhe dizia: “Saulo, Saulo, por que me persegues ?” Ele respondeu: “Quem sois vós, Senhor ?” O Senhor disse: “Eu sou Jesus, a quem
persegues”. Tremendo e todo assustado, disse: “Senhor, que quereis que eu faça
?” O Senhor respondeu-lhe: “Levanta-te e
entra na cidade, lá se te dirá o que tens que fazer”. Os homens do séqüito,
atônitos, ouviram a voz, mas não viam pessoa alguma. Saulo levantou-se, abriu
os olhos, mas estava cego. Tomaram-no pela mão e levaram-no para Damasco.
Passou três dias sem ver e não comeu nem bebeu. Havia em Damasco um discípulo,
chamado Ananias. O Senhor disse-lhe em visão: “Levanta-te e vai à Rua Direita;
procura na casa de Judas um homem de Tarso, chamado Saulo. Neste momento ele
ora” (e Saulo viu numa visão um homem, chamado Ananias, entrar e impor-lhe as mãos, para que recobrasse a vista).
Ananias respondeu: “Senhor, tenho ouvido falar muito desse homem e do mal que
fez aos santos em Jerusalém. Mesmo para cá ele trazia plenos poderes dos
Príncipes dos Sacerdotes para meter em ferros todos os que invocam vosso nome”.
O Senhor, porém, disse-lhe: “Vai, este homem é um instrumento de minha escolha,
para levar o meu nome às nações e aos reis, assim como aos filhos de Israel.
Vou ensinar-lhe a ele quanto tem de sofrer por meu nome”. Ananias foi. Chegando
à casa, impôs as mãos a Saulo e disse-lhe: “Paulo, meu irmão, o Senhor Jesus,
que te apareceu no caminho, manda-me para te restituir a vista, e encher-te do
Espírito Santo”. No mesmo instante, lhe caíram dos olhos como que escamas, e
pode ver. Levantou-se e fez-se batizar. Paulo ficou ainda alguns dias em
Damasco com os discípulos; e logo pregou nas sinagogas, que Jesus é Filho de
Deus.
Os ouvintes ficaram admirados e diziam: “Não
era ele, que em Jerusalém queria matar a todos que invocam o nome de Jesus ?
Não veio aqui com a determinação de levá-los amarrados aos Príncipes dos
Sacerdotes ?” No entanto, Paulo ganhava
de mais a mais, e levava a confusão no meio dos Judeus em Damasco, provando que
Jesus é o Messias.
Decorridos
alguns dias, os judeus deliberaram, em conselho, matá-lo. Estas intenções
chegaram ao conhecimento de Paulo. Os
judeus vigiavam as portas da cidade dia e noite, para que não escapasse. Mas os
discípulos, tomando-o de noite, fizeram-no descer pela muralha dentro de um
cesto.
Chegando a Jerusalém, Paulo procurou
achegar-se aos discípulos, mas estes o temiam, não acreditando na sua
conversão. Então Barnabé tomou-o e levou-o aos Apóstolos. Contou-lhes que o
Senhor tinha aparecido a Paulo em caminho, e falou-lhes da coragem com que
Paulo se tinha declarado, em Damasco, em favor do nome de Jesus. Desde então
Paulo ia e vinha com eles em Jerusalém, e falava com toda a liberdade no nome
do Senhor.
Paulo, dantes inimigo do nome de Cristo,
tornou-se-lhe o maior defensor. Outrora recebia cartas com ordens de destruir
as Igrejas e aprisionar os cristãos; depois, como Apóstolo, escreveu muitas
epístolas, para suma edificação dos fiéis, epístolas cheias de sabedoria e do
Espírito Santo. Conhecendo o mal que fizera, conhecendo a gravidade dos seus
pecados, empenhou toda a energia na propaganda da doutrina de Jesus Cristo.
Oito dias antes da festa da Cátedra de São
Pedro realizava-se em Roma a transladação das relíquias de São Paulo. Pouco a pouco caiu em esquecimento esta
solenidade e em seu lugar entrou, como festa própria a conversão do grande Apóstolo.
Reflexões:
Conversões como a de São Paulo há poucas.
De grande pecador que foi e inimigo
declarado de Cristo e de sua obra, por graça excepcional transformou-se em
Apóstolo da religião cristã; como tal trabalhou com uma dedicação admirável,
arrostou os maiores perigos e atrozes perseguições, das quais morreu vítima,
selando com o sangue a sua amizade a Cristo e a fé em sua divina palavra. Esta
conversão tão extraordinária põe em evidência a possibilidade da conversão do
maior pecador, e ensina-nos que para os pecados mais graves há perdão e não se
deve nunca desesperar da misericórdia divina, que é infinita. É preciso,
portanto, que a conversão dos pecadores seja sempre objeto das nossas súplicas,
diante do trono de Deus. Como a oração, o sacrifício, o martírio de Santo
Estevão alcançou para Saulo a conversão, assim a oração constante dos fiéis é
um fator eminente na história da conversão dos pecadores. Estes, por sua vez,
aprendam da conversão de São Paulo, que assim como este grande Apóstolo, depois
de ter sido tocado pela graça divina, obedeceu incondicionalmente às ordens de
Deus, apresentando-se ao sacerdote, assim também eles devem abrir o coração à
voz divina, romper os laços que os prendiam ao pecado, e começar uma vida santa
e agradável a Deus.
Fonte: http://www.paginaoriente.com/santosdaigreja/jan/conversaosaopaulo2501.htm
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